quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Segundo papo

 E de repente, me vejo sentado dentro do 800, micro-ônibus de trajeto Santissimo x Mal. Hermes. Barulheira típica desses modelos. Estou passando pela vila militar. Como deve ser morar aqui? Maior paz e tranquilidade. Vagabundo não é maluco de incomodar morador daqui. Foi nessa rua que uma vez um fdp passou com o carro bem na poça d'água pra molhar eu e o Romi que estávamos a pé...preciso trabalhar melhor meu rancor. Como ainda lembro disso e com raiva do cara. Talvez esse prego não esteja nem mais entre a gente. Indiferente.

Passando agora pelo comando PQDT, sinto uma adrenalina, está chegando a hora de descer do ônibus. Revisitar aquele lugar que me trouxe tantas emoções conflitantes. Já não tenho mais o cabelão, nem a disposição que tinha antes. Desço. Passo pelo portão azul, são 13:15 da tarde. As aulas já começaram, mas sempre fica alguém naquele bosque com mesas e bancos em concreto. E é provável que eu encontre quem preciso aqui. Se não estiver sozinho, dou um jeito de puxa-lo pra um particular.

Claro, ali está ele, matando aula, batendo papo com o professor Enio e mais alguns nerds. Falando sobre musica e cerveja. No fundo, o que eu queria era te encher de porrada, seu burro. Como pode acreditar por tanto tempo num relacionamento que NUNCA teve chances de dar certo. "Ah, mas vc se arrepende do que vivemos?". ÓBVIO que me arrependo. Abri mão de tudo que poderia ter conquistado em função de uma família que nunca existiu...como eu queria te bater, "Grunge"...e enquanto te esmurrava, enfiar dentro da sua mente o quão FODA vc sempre foi pra que vc nunca esqueça disso...mas agora é tarde. Vc esqueceu. Passou tanto tempo recebendo migalhas de afeto e carinho que hj em dia se acha indigno de qualquer coisa além disso. Se sente jogado numa sarjeta, sozinho e com frio. Sinceramente perdi até a vontade de te alertar sobre seu futuro. Talvez vc precise passar por tudo isso mesmo. Deve fazer parte da trajetória. Lições pra uma possível evolução do espírito. Agora, por que não consigo acreditar num futuro melhor? Por mais que eu queira ter essa vaga esperança, olho pro meu futuro e só vejo neblina. Trinta e seis anos e tudo que conquistei foi desgosto de viver. Parabéns, fera.

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